quarta-feira, 11 de agosto de 2010

desculpa. peço-te muitas desculpas. sinto-me inútil e horrível. mas sempre me preocupei contigo, mas odeio-me por não ter-me preocupado mais. por não te ter visitado mais. sinceramente nunca me custou tanto uma partida. e não estávamos sempre juntas, se tivesse passado mais tempo contigo não sei como seria. acho que sou a única que ainda não ultrapassou isto. sinto-me tão mal, por teres ido para o hospital e não me terem deixado ver-te, mesmo que já não soubesses quem eu era devido a várias doenças que já tinhas, eu estaria lá até tu partires. mas não me deixaram estar, e quando deixaram era tarde demais. tu já abrias os olhos, mal respiravas e desculpa mas não consegui ir nessa altura do fim. mas eu sempre soube, desde que foste para o hospital que não irias sair de lá. eu perdi a esperança, porque sabia como tu eras. desculpa a expressão mas " uma mariquinhas, que não suportava qualquer dorzinha ". eu lembro-me do quanto me chateava contigo " mete-te direita se faz favor " e tu nunca o fazias, estavas completamente corcunda. eu fingia ser má porque tu assim obedecias-me, e rias-te comigo à mesma. ainda hoje choro muito por ti, porque sinto que já te tinhas esquecido de mim antes de partires. lembro-me da mãe ir com a mana ao hospital e no fim de semana seguinte a mãe foi horas depois voltou, e disse-nos " a avó perguntou por ti marta " e eu " e por mim? " a minha mãe assustada respondeu " por ti não perguntou ". isso custou-me tanto avó, mas a culpa em parte é minha pois nunca te pude ir ver, fui impedida por ser a mais nova. ( odeio quando o meu pai diz que não devo ir aos hospitais para não apanhar doenças )
no dia 27 de Novembro de 2009, sexta-feira eram oito horas da noite eu tinha voltado no último autocarro de silves. entrei no carro alegre a falar com a mariana ao telemóvel ( chuchu acho que era contigo ), desligo o telefonema. 
"então pai, tudo bem?" (...) " sim, olha a mãe não está em casa e eu vou sair também " (...) " então porquê? " (...) " a tua avó morreu ".
sem nenhum cuidado, recebi essa notícia e entrei em choque. caíram-me as lágrimas descontroladamente. senti-me uma neta tão estúpida, nem um adeus te pude dizer. nem um adoro-te avó. desculpa-me. peço-te.
contei à pessoa que mais me importava, mas que já não me pertencia, e ela conta-me a bela merda que estava a fazer enquanto eu chorava pela tua perda avó. eu senti que não merecia aquilo da parte dele, mas foi uma bela facada. 
estabilizei-me e fui em direcção à capela onde o teu corpo estava em câmara ardente. entrei forte e segura de que não iria chorar, pois tu não me irias querer ver assim. mas não aguentei entrar na capela, e quando começo a cumprimentar as pessoas só ouvir " os meus sentimentos querida, não chores ". foda-se eu perco uma avó e não querem que chore? eu tenho sentimentos. revolta-me que me peçam para não chorar, é inútil.
quando deitei essas lágrimas, sentei-me e nem dei atenção a mais ninguém. só olhava para o caixão onde tu tinhas um pouco de pano a tapar-te a cara. não fui capaz de levantar esse suave pedaço de pano. no dia seguinte, quando foi a tua missa, custou-me ainda mais o Srº padre, que nem o teu nome decorou, ou ao menos tentava não se enganar a ler. que raiva.
segui a pé atrás da carrinha onde tu ias dentro daquele caixão que até brilhava. a pior parte, foi mesmo entrar no cemitério velho de São Bartolomeu de Messines, levam o caixão até perto da cova e (...) abrem-no e levantam o pedaço de pano que te tapava a cara, foi um choque ver-te daquela maneira, e não puder abraçar-te e pedir para acordares e ficares comigo. gritei de choro, de dor, doeu e doí recordar essa imagem avó. 
e mais uma vez ouvi de senhoras que nem sabia que existiam a dizer-me e abraçar-me "coitadinha, não chores, ai coitadinha". 
e para não bastar tudo isso, o fdp do coveiro nem te fez uma cova bonita. foi tudo feito à maria joana. dass que ódio.
só te consegui ir visitar duas vezes, custa-me ainda ver o sitio onde o teu corpo descansa. levaste um pouco de mim contigo, eu sinto isso. mas sei que de certa forma agora estás melhor, sem dores, e a descansar. só queria ter essa confirmação.
mas avó o que eu nunca disse, eu adoro-te, e fazes-me muita falta. cuida de mim. abraça-me mesmo que eu só sinta um arrepio. dá-me um beijo de boas noites, mesmo que eu não sinta. fica sempre comigo.
para sempre avó, até sempre.
depois de deitar mais algumas lágrimas a escrever este texto, sinto-me melhor porque ao menos tiro algum do peso que tenho em cima.
e um grande obrigada aos amigos que tanto me apoiaram e que eu nunca esperei. de quem esperava, desiludiu-me mais uma vez. mas eu sou forte e fraca por ti avó. eu sei que tu estás comigo sempre. love youuuu, always **

4 comentários:

Mariane disse...

Eu apoiei-te dessa vez e irei apoiar-te sempre chuchu, conta sempre comigo.
Je t'aime mon petit coure (L)

ps: chorei com o post

heidy disse...

e eu amo-te minha pequena ranhosa *.*<3

Vera de Machado Marques Roriz disse...

segui o teu blog cara Heidy...
gostei especialmente deste (':

vera disse...

gostei do texto, já me senti assim e ao contrário de ti foi por ser a mais esperançosa que mais me custou a partida do meu avô.
( segui, )

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